Lá ia eu muito bem a andar pelo jardim, cheio de gente, num dia solarengo como o de hoje, e novamente Deus me deu a oportunidade de assistir a mais uma daquelas abençoadas cenas do quotidiano português. Estava uma senhora, juntamente com os seus netos, sentada num dos bancos e, de repente, um deles, talvez um miúdo algures com os seus 6 anos talvez, quis que a avó lhe desse um objecto que tinha na mão. A avó por bem não lho deu, mas também teve a excelente ideia, como pessoa de gente fina que é, dizer-lhe educadamente que "não, não te vou dar isto". Ao que a criança começou a chorar e então, novamente assolada pelas regras da boa educação [cujo dever moral dos pais e avós os abriga a incuti-las o mais brevemente nas crianças - nem que se comece aos 6, 5, 4, 3, 2, 1 ou mesmo 0 anos (que é logo de pequenino que se deve começar a torcer o pepino)] e logo lhe respondeu: "Chorar não resolve o problema, ouviste? Chorar não vai resolver o problema!"
Claro que como pessoa instruída, certamente a criança terá compreendido que chorar não iria resolver o problema e que a avó tinha razão em tê-lo primeiro irritado e depois ter tentado evitar que fizesse um estardalhaço no meio da rua, pelo objecto que não lhe deu.
Depois disto, andamos nós, gente das notícias, a ler por esta Internet fora que as crianças hoje em dia andam a ser muito mal educadas e que os pais estão cada vez mais a desleixar-se neste assunto. Com atitudes tão adultas com seres tão jovens, como se há-de esperar que a juventude actualmente tenha as ideias em dia? Não se deixam sujar, não podem responder aos adultos, não pensam por si próprios, são educados desde jovens a pensar pela cabeça dos outros ...
Desabafos valem o que valem, mas se não há, desde já, uma abertura de olhos pelos pais, estamos a fazer actualmente uma bela cama cheia de vidros partidos, sujidade e parasitas, onde mais tarde nos iremos deitar nela.