domingo, 19 de agosto de 2012

Don Juan



Já aqui falei de homens galanteadores, mas agora irei debruçar-me de uma outra forma na questão e irei esclarecer algo que disse nessa publicação. Primeiro, vamos aos esclarecimentos!
Quando eu afirmo que todos os homens galanteadores são mentirosos tenho um motivo para o fazer. Não pela pura experiência de conhecimento (até porque é pouca), mas na medida em que, um homem para conquistar não precisa mentir, claro está, mas tendo em conta que homens assim geralmente nunca se "saciam" só com uma conquista, é normal que para conquistar o coração de outra, lhe mintam. Deixando o palavreado bonito... Ninguém se vai chegar ao pé de uma mulher dizendo: "Tu és a segunda mulher da minha vida...E e tu és a terceira...E tu a quarta. Oh, mas eu adoro-vos a todas!". Claro que um homem assim vai querer dar a entender que cada uma é especial (não significa que o não seja, pois cada mulher é diferente e, como tal, fá-lo sentir coisas diferentes). Mas verdade seja dita que ele não o irá sequer dizer, até porque quando confrontado com a "mentira", irá negá-la. Não esqueçamos que um homem (e mulher - que as há também!) assim, ama-se mais a si próprio do que à pessoa por quem está interessada.

Segundo... vamos ao que me trouxe até ao blogue hoje.
Andava por aqui a deambular pelas maravilhas da Internet e lembrei-me de ir pesquisar críticas sobre o filme Don Juan de Marco, pesquisa puxa pesquisa e fui dar aqui (um site que estou a gostar bastante de conhecer), que fala sobre o donjuanismo.

"Don Juan é um personagem literário tido como símbolo da libertinagem. O primeiro romance com referência ao personagem foi a obra El Burlador de Sevilla, de 1630, do dramaturgo espanhol Tirso de Molina. Posteriormente Don Jun aparece em José Zorrillacom a estória de Don Juan Tenorio. A figura de Don Juan foi também cultuada na música, em obras de Strauss e Mozart, este último com a ópera Don Giovanni, composta em 1787. Outro paradigma do eterno sedutor é a figura de Casanova, conhecida pela autobiografia do veneziano Giovanni Jacopo Casanova.

Mas a figura do eterno sedutor continua atrelada à Don Juan, que aparece ainda na obra de Molière, em Le Festin de Pierre, no poema satírico de Byron chamado simplesmente Don Juan, no drama de Bernard Shaw, chamado Man and Superman
."

O donjuanismo representa um protótipo particular de comportamento humano, classificada particularmente pelos valores culturais e morais. (...)

(...) Descreve-se o donjuanismo como uma personalidade que necessita seduzir o tempo todo, que aparentemente se enamora da pessoa difícil mas, uma vez conquistada, a abandona por desinteresse. As pessoas com esse traço não conseguem ficar apegados a uma pessoa determinada, partindo logo em busca de novas conquistas. Elas são os anarquistas do amor (Sapetti), tornando válidos quaisquer meios para conquistar, não obstante, os sentimentos da outra pessoa não são levados em consideração. Aliás, Foucault enfatiza essa questão ao dizer que Don Juan arrebenta com as duas grandes regras da civilização ocidental, a lei da aliança e a lei do desejo fiel.

Em psiquiatria clínica, entretanto, o desprezo para com o sentimento alheio pode ser critério para caracterizar uma atitude sociopática ou anti-social. Para o donjuan só interessa o hedonismo, o instante do prazer e o triunfo sobre sua conquista, principalmente quando a pessoa de seu interesse tem uma situação civil proibida (casada, freira, irmã ou filha de amigo, etc ou os correspondentes masculinos). Sobre essa característica o escritor Carlos Fuentes, alega ao seu Don Juan a frase: "Porque nenhuma mulher me interessa se não tiver um amante, marido, confessor ou Deus, ao qual pertença ...".

Normalmente essas pessoas ignoram a decência e a virtude moral mas seu papel social tenta mostrar o contrário; são eminentemente sedutores. O aspecto de desafio mobiliza o donjuan, fazendo com que a conquista amorosa tenha ares de esporte e competição, muitas vezes convidando amigos para apostas sobre sua competência em conquistar essa ou aquela mulher. Não é raros que esses conquistadores tragam listas e relações das mulheres conquistadas, tal como um troféu de caça.

(...)

O narcisismo (traço feminóide) dessas pessoas é uma das características mais marcantes, a ponto delas amarem muito mais a si mesmas que a qualquer outra pessoa conquistada. Outros autores acham o donjuanismo um excesso do complexo de Édipo, ou fixação na mãe, já que muitos deles não constituem família com nenhuma de suas conquistas e acabam vivendo para sempre com suas mães.

(...) O amor neles é um sentimento fugaz, passageiro e que, continuadamente, tem o objeto-alvo renovado. Se algum déficit pode ser apurado na personalidade do donjuan, este se dá no controle da vontade.(...)" (
retirado do site)

Como leram, achei interessante o artigo pois fala sobre algo que é pouco usual hoje em dia, mas que existe e que leva a enganos de pensamento que consideram os homens iguais. Este donjuanismo não é doença. Existem homens que podem de facto ter problemas mentais (como o Transtorno Anti-Social da Personalidade, dito psicopata) e uma das características que estes podem apresentar é este tipo de  personalidade, podem ter a necessidade de conquistar e conquistar e conquistar...sem nunca sequer virem a saber o que é o amor. Depois existem outros transtornos, mais ligados à parte sexual, e ainda muitos outros. Existem homens que apenas gostam de conquistar (quem não gosta?) e não padecem deste mal. 

O donjuanismo é um traço que leva a que alguém deseje conquistar outro porque isso lhe fará sentir melhor, o amor que ele sente é um sentimento intenso de posse e desejo que nada tem a ver com sexo. Pois muitas vezes nem é necessário que haja envolvimento sexual, basta que o conquistador perceba que o objecto das conquistas já esta interessado para automaticamente perder o interesse e passar para outro.

Pessoalmente não creio que as pessoas em questão se possam considerar felizes (como alguma vez poderiam?). Sei que as mulheres em si, as "conquistadas", ficarão magoadas e nunca compreenderão o porquê de tal acontecimento, mas como costumo dizer, ninguém pede para nascer de uma certa forma. Eu também sou mulher e sei o que é conhecer um destes "românticos", já aprendi, agora é reconhecer as características e não voltar a fazer o mesmo. Claro que se o fizer mesmo sabendo no que me meto, é pura estupidez, mas para isso serve a vida e os acontecimentos que passamos. 
É necessário haver um pouco de compreensão. Sei que se sai magoado (e ele não precisa de se armar em Don Juan), mas para tudo existe um motivo, mais óbvio, ou menos óbvio, sem intenção ou com ela, só resta a nós sabermos viver e compreender as outras pessoas para que saibamos lidar com elas da melhor forma, pois não as podemos mudar (nem nunca iríamos gostar que nos tentassem mudar a nós). 
E, além do mais, é muito interessante estar sempre a aprender e termos a oportunidade de conhecer todos os tipos de pessoas na vida, pois permite-nos uma enorme variedade na forma de pensar e o nosso crescimento pessoal. 

Agora que já leram algo sobre isto, vejam o filme e as excelentes interpretações de Johnny deep, como Don Juan e Marlon Brando, como psiquiatra. 

1 comentário:

Pedro disse...

Em duas sílabas: ahah

Beijinhos ;)