segunda-feira, 23 de julho de 2012

Regresso a estas paragens...

Se penso em ti? Claro que penso, penso em ti e em todos aqueles que me foram/que me são algo... Mas dou-me de mais. Tenho o peso do mundo nas costas com a infelicidade alheia. Estou farta de mentiras, de tristezas e de ciúmes parvos com amigas, com amigos, com tudo. Estou farta de ter que me justificar, farta de ter obrigações para com os outros e farta de muitas coisas mais que não quero tornar públicas.
Sempre que me sinto assim remoo na minha memória Lisbon Revisited. Nunca me consigo esquecer das passagens que desde nova (ainda antes de sonhar quem poderia ser Álvaro de Campos) me tocaram. A revolta, a diferença, a mudança...  Não me macem, por amor de Deus! .... Não me macem! - acrescento eu. Eu adoro-vos a todos (todos no seu significado não literal, como é óbvio), a sério que sim, mas muita coisa me cansa. Existir por vezes cansa (então a mim!!). Não me controlo, penso mais que um computador num dia mau (porque num dia bom de certeza que não pensa tanto.- Meu Deus, como se um computador tivesse dias bons ou maus!), sinto de mais, sinto por quem não sente por mim e sinto por quem sente. Posso ser injusta algumas vezes, sei que sim, mas não o controlo.
A mágoa já é muita... as feridas já estão saradas, mas por vezes abrem, como se me fossem cortadas por x-acto, com aquela precisão cirúrgica. E aí, dói...e dói muito. E dói de mais. É insuportável o relembrar de algo assim tão cheio de tristeza, mas vem, sem que eu o controle. Por isso preciso de tempo para mim, para todos os pedacinhos de mim que as pessoas esquecem de apanhar quando passam pela minha vida, deixam-me ali num espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir (e depois quem os limpa sou eu!), só que sem o capacho e sim no caminho de pedras e terra batida por onde se passa quando se vai do nada para coisa nenhuma (sim, porque nós somos nada - já não me lembro quem disse isto, agora o resto que cito foi tudo Pessoa). Esses pedacinhos são só a minha alma, os meus sentimentos que se esquecem que tenho - porque os tenho! - e fazem com eles tudo o que lhes apetece. Ouço de tudo, para me conquistarem inventam de tudo, mexem com sentimentos, mexem com emoções, mexem com palavras, com pensamentos, com tudo... e eu aguento, percebo, compreendo, engulo, mas farto-me. Farto-me do conjunto de pessoas que pensa que eu quero ser conquistada, que preciso sê-lo. Pois bem, não preciso. Eu não amo a representação do outro, amo-o a ele. E se me passam horas a representar para que eu aprecie alguém que nada me diz, e eu percebendo, claro que me canso! E revolto-me, revolto-me porque as outras pessoas não são honestas como eu, o mundo não gira à minha volta e ninguém faz o que mando, por isso me revolto, porque a vida corre sem que ninguém mande nela e porque sou eu que, a mal ou bem, me tenho que adaptar.
        
 Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. Assim, como sou, tenham paciência! Vão para o diabo sem mim,Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!Para que havemos de ir juntos?
Para que hei-de fazer o que toda a gente me diz para se fazer? Porque não percebem que somos todos diferentes? Que cada um lida à sua forma com aquilo que lhe acontece? ... Eu já nada espero, mesmo, depois de tanta desilusão não sou capaz de ter uma réstia de esperança em sentimentos tão, supostamente, puros como o amor e a amizade. Quando pensamos que estamos bem, deixamos de estar, quando pensamos que estamos mal, deixamos de estar. É complicado viver num mundo com tanta gente, há muitos atropelos pela busca constante da felicidade de cada um. Haja dó! Os outros que se desviem...
E para quem pensa isso: não estou a passar por uma fase menos boa, estou simplesmente a passar por uma fase assim-assim (penso que seja um detalhe da maior importância).

Enfim, desabafos que me saem nem sei de onde....mas está aqui a resposta (muito incompleta) ao porquê do afastamento, se não (e este se não implica muita coisa), é apenas um texto bonito e estruturado feito numa noite de inspiração profunda à moda de um dos heterónimos do, para mim, maior génio da literatura portuguesa.

2 comentários:

Ana C. Martins disse...

eu percebo-te perfeitamente é que absorvemos tudo e um dia tudo se desaba, não percebem que nós também temos vida própria que temos as nossas opiniões e sentimentos, ao invés disso opinam sobre tudo .. :/ respira, descansa e tem uma boa noite. escrever já faz bem à alma. beijinho

M* disse...

É verdade, muitas vezes esquecem-se que o outro tem vida própria.
Escrever faz bem e ajuda a relaxar... :)
Beijinho