Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.
Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.
Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .
E venha a morte quando Deus quiser.
Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.
José Régio
(um dos - se não O - meu(s) poema(s) preferido do escritor)
2 comentários:
Esta sabedoria que exclui a esperança, deixa-me desalentada.
Gosto de sonhar de pensar em realizá-los.
Já reparei que gostas muito de José Régio.
Beijinho
Um mestre.
Sim, Pérola, comecei a conhecê-lo há pouco tempo e estou a gostar bastante... espero que compartilhem do meu gosto pelas poesias dele (e prosas, que espero também partilhar, pelo menos, alguns trechos). Um grande mestre!
Beijos
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