- É uma ideia engraçada, Charlie - disse Dukes -, essa do sexo ser outra forma de diálogo, em que se representam as palavras em vez de as pronunciar. Acho que é assim. Suponho que podemos trocar tantas sensações e emoções com as mulheres como opiniões sobre o tempo, etc. O sexo deveria ser uma espécie de diálogo habitual entre o homem e a mulher. Não falamos com uma mulher se não temos ideias em comum, isto é, não se fala se não há um interesse. Do mesmo modo que não dormimos com uma mulher, se não compartilhamos emoção ou simpatia com ela. Mas se tivéssemos...
- Se sentimos em relação a uma mulher emoção e simpatia, temos obrigação de dormir com ela - respondeu May. - É a única coisa decente a fazer, ir para a cama com ela. Exactamente como quando estamos interessados em falar com alguém, a única coisa decente é falar. Não colocamos a língua entre os dentes e a mordemos pudicamente. Se é a vez de falar, fala-se. Com o amor é o mesmo.
- Não - disse Hammond -, não é assim. Você por exemplo, May, desperdiça metade da sua energia com mulheres. Você nunca fez realmente o que devia, apesar da cabeça que tem. Uma grande parte de si perde-se noutras coisas.
(...)
O amante de Lady Chaterley - D. H. Lawrence
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