terça-feira, 10 de abril de 2012

Aos meus amigos


“Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila,
que tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto,
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou,
pois vendo-os loucos e santos,bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão…”

Álvaro de Campos

2 comentários:

Pérola disse...

Parece que adivinhaste o que precisava de ouvir hoje. Com amigos assim, que nos faltará?

M* disse...

Não nos faltará nada. Sentimo-nos realizados!